Tratamentos
Doença de Legg-Calvé-Perthes
A Doença de Legg-Calvé-Perthes é uma condição rara que afeta crianças, caracterizada pela interrupção temporária do fluxo sanguíneo para a cabeça do fêmur, o que causa necrose óssea. Essa doença, também chamada de Doença de Perthes, ocorre geralmente entre 4 e 8 anos de idade, sendo mais comum em meninos. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações a longo prazo, como deformidades permanentes e artrose precoce.
A doença evolui em quatro fases principais:
1) Fase de Necrose (Inicial): O fluxo sanguíneo é interrompido, e a cabeça do fêmur sofre necrose, tornando-se mais frágil. Esse estágio pode durar de 6 a 9 meses.
2) Fase de Fragmentação: A cabeça do fêmur começa a “esfarelar”, o que pode causar inflamação e dores significativas. Duração: de 6 a 9 meses.
3) Fase de Reossificação: O osso começa a se regenerar e endurecer, mas a forma final da cabeça do fêmur dependerá da progressão da doença. Esse processo pode durar até 2 ou 3 anos.
4) Fase Residual: O osso está completamente formado. A qualidade e o formato do quadril dependerão de como o fêmur se regenerou durante as fases anteriores.

Os primeiros indícios da Doença de Perthes podem ser sutis, mas merecem atenção:
- Mancar: A criança pode apresentar alterações na marcha sem motivo aparente.
- Dor: Geralmente localizada no quadril, pode irradiar para a coxa ou joelho.
- Rigidez articular: Dificuldade para mover o quadril.
- Espasmos musculares: Podem ocorrer devido à irritação na articulação.
Esses sintomas podem piorar com a atividade física e melhorar com o repouso, o que pode atrasar o diagnóstico.
O diagnóstico da Doença de Legg-Calvé-Perthes é feito com base em uma análise cuidadosa da história clínica, do exame físico e de exames de imagem. Durante a consulta, é avaliada a amplitude de movimento do quadril e possíveis alterações na marcha. Radiografias são ferramentas essenciais para identificar as mudanças na cabeça do fêmur, e em casos específicos, a ressonância magnética pode ser utilizada para confirmar o diagnóstico e detalhar a extensão do problema.
O tratamento tem como principal objetivo aliviar a dor, preservar a forma da cabeça femoral e manter a mobilidade do quadril. Em crianças menores de 6 anos, geralmente opta-se pelo tratamento não cirúrgico. Isso pode incluir fisioterapia para melhorar a mobilidade da articulação, medicamentos anti-inflamatórios para controlar a dor e a inflamação, e, em alguns casos, o uso de órteses ou gessos para manter a cabeça femoral bem posicionada no acetábulo. Além disso, pode ser necessário restringir atividades físicas de impacto para proteger o quadril e evitar danos adicionais.
Em situações mais graves ou quando a doença afeta crianças acima de 6 anos, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. A osteotomia do fêmur, por exemplo, é uma técnica que reposiciona a cabeça do fêmur no acetábulo, garantindo um melhor alinhamento. Outra opção é o uso de fixadores externos, que ajudam a estabilizar a articulação enquanto ela cicatriza. Em casos mais complexos, a artrodiastase pode ser realizada para aliviar a pressão no quadril e melhorar o fluxo sanguíneo local. Essas intervenções visam minimizar deformidades e melhorar a funcionalidade a longo prazo.
O prognóstico para a Doença de Legg-Calvé-Perthes é geralmente positivo, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento é adequado. Na maioria dos casos, as crianças recuperam completamente a funcionalidade do quadril após 18 a 24 meses de acompanhamento. No entanto, se restarem deformidades significativas, pode haver um risco aumentado de complicações futuras, como dor no quadril e artrite precoce na vida adulta. Para garantir os melhores resultados, é essencial manter um acompanhamento médico regular, seguir as orientações de fisioterapia para restaurar a mobilidade e reintroduzir atividades físicas de forma gradual e supervisionada.
A Doença de Legg-Calvé-Perthes, apesar de rara, pode ser tratada com sucesso quando identificada a tempo. Se notar sinais como mancar ou dores persistentes no quadril do seu filho, procure um ortopedista pediátrico imediatamente.